Alergias alimentares: o perigo que está nos alimentos
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Saúde e Bem-estar
As alergias alimentares são cada vez mais comuns e afetam a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Contudo, nem sempre são tratadas da forma mais adequada, o que pode ter consequências graves.
Apesar de toda a investigação feita na área, não existem ainda explicações definitivas para a existência de alergias alimentares e para perceber como é que um alimento inofensivo para uma pessoa pode ser fatal para outra.
De acordo com a European Academy of Allergy and Clinical Immunology (EAACI), as alergias alimentares afetam mais de 17 milhões de pessoas na Europa, sendo que cerca de 3,5 milhões têm menos de 25 anos de idade.
Os dados indicam também que estas alergias estão a crescer sobretudo entre os mais novos e que, em muitos casos, as reações alérgicas põem em causa a vida destas pessoas ou afetam a sua qualidade de vida.
As alergias alimentares mais comuns
Os estudos da associação europeia da especialidade (EAACI) revelam também que foram identificados mais de 120 alimentos como potenciais causadores de alergias.
No entanto, e apesar da incidência de alergias variar de país para país, as principais alergias alimentares estão relacionadas com a ingestão de leite, ovos, amendoins, frutos secos e frutos de casca rija.
A alergia ao marisco, apesar de não ser tão comum, é das mais graves no que diz respeito a sintomas e consequências.
Diferença entre alergias alimentares e intolerâncias
Muitas vezes, as alergias alimentares são confundidas com intolerâncias, mas as diferenças são grandes.
Resumidamente, e de acordo com a EAACI, a intolerância alimentar não está relacionada com o sistema imunológico.
Por isso, quem tem intolerância a um determinado alimento ou substância, pode ingerir pequenas quantidades desse alimento sem ter sintomas de alergia.
Já no caso das alergias, por vezes nem é necessário ingerir, podendo existir reações alérgicas provocadas pela inalação ou até pelo toque.
Como se desenvolve a alergia
Na verdade, e segundo os especialistas, as alergias alimentares desenvolvem-se em duas fases.
Na primeira, a da sensibilização, a pessoa é exposta pela primeira vez ao alimento, o que pode acontecer ainda antes do nascimento. Desencadeia-se então uma reação a nível celular, que provoca a produção de grandes quantidades de imunoglobulina E (IgE).
Na segunda fase, designada como reação, mesmo uma pequena quantidade desse alergénio pode levar a uma reação alérgica.
O seu sistema imunológico encara aquela substância como um inimigo; por isso, sempre que está em contacto com ela, entra em alerta e manifesta-se através de sintomas de alergias.
É por isso que as pessoas com alergias alimentares leem atentamente os rótulos dos produtos processados e é também essa a razão para que a rotulagem tenha regras cada vez mais rigorosas.
A Direção-Geral de Saúde e a SPAIC – Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica criaram documentos com informação sobre estas matérias para ser usada, por exemplo, nas escolas ou na restauração.
A ideia é não só sensibilizar os responsáveis por cantinas escolares e estabelecimentos de restauração para estas questões, mas também que as pessoas afetadas por estas alergias possam saber o que contêm os alimentos que ingerem, evitando assim reações que podem ser fatais.
Sintomas de alergias alimentares
A gravidade das reações alérgicas é variável, bem como varia a rapidez com que ocorrem.
Assim, os sintomas podem surgir poucos minutos após a ingestão ou demorar cerca de duas horas.
Os sintomas incluem, de forma isolada ou combinada, reações cutâneas (pele e mucosas), respiratórias, gastrointestinais e cardiovasculares.
As mais comuns são as erupções cutâneas, eczema e urticária. O angioedema é semelhante à urticária, mas afeta as camadas mais profundas da pele e, por isso, é mais doloroso. Pode afetar as pálpebras, os lábios e mucosas.
Já o síndrome de alergia oral (SAO) ocorre quando há edema, prurido e/ou formigueiro dos lábios, língua, orofaringe ou de toda a cavidade oral.
Vómitos, dores e cólicas abdominais e diarreia são as manifestações gastrointestinais mais comuns.
As reações alérgicas podem também manifestar-se por inchaço na glote e língua, sensação de formigueiro na boca, diminuição da pressão arterial e perda de consciência.
Reações anafiláticas
As reações anafiláticas são a manifestação mais grave e envolvem geralmente dois ou mais órgãos ou sistemas. Ou seja, para além de sintomas nas mucosas e pele, caraterizam-se por perturbações também ao nível respiratório, gastrointestinal e cardiovascular.
Surgem repentinamente e se não forem tratadas rapidamente e de forma adequada podem pôr em causa a vida da pessoa.
Ocorrem sobretudo em casos de alergias a leite de vaca, ovo, peixe, amendoim e frutos de casca rija e marisco.
O que fazer?
As pessoas com alergias alimentares devem estar identificadas, ser acompanhadas por um médico, o qual lhes pode prescrever um kit de adrenalina, (uma espécie de caneta, que se chama dispositivo autoinjetor de adrenalina intramuscular) e medicação anti-histamínica.
Assim, e caso haja ingestão acidental do alimento a que são alérgicos, o seu médico pode ter-lhe dado indicações para ser imediatamente ministrada a adrenalina e os serviços de emergência devem ser acionados.
Cuidados a ter com as alergias alimentares
As alergias alimentares, independentemente da idade do paciente, devem ser diagnosticadas, tratadas e acompanhadas por médicos.
Aconselhe-se junto do seu médico e use as consultas e exames disponíveis através da rede RNA, à qual tem acesso através do seu seguro Chubb.
Entre os 2500 prestadores da RNA há profissionais de imunoalergologia pediátrica ou para adultos que ajudarão não só a esclarecer todas as dúvidas, mas também a encontrar a melhor solução para o seu caso.
Não descure os sintomas e marque quanto antes a sua consulta.
O que não fazer
Segundo a EAACI, muitas pessoas pensam que evitar os alimentos a que são alérgicos é suficiente para controlar as alergias alimentares. No entanto, todo este processo deve ser supervisionado clinicamente e sem recurso a automedicação.
Outro alerta importante é que os exames para diagnóstico de alergias alimentares devem ser feitos por médicos, recorrendo não só ao historial clínico, mas também a exames complementares.
Tanto a SPAIC como a EEACi alertam para a falta de fiabilidade dos chamados testes múltiplos de intolerância alimentar.
“Não têm qualquer fundamentação científica, não têm utilidade diagnóstica e a sua realização e interpretação no âmbito clínico podem configurar elementos de má prática”, afirma a SPAIC, avisando que “estes procedimentos podem ocasionar erros de diagnóstico graves com consequentes riscos na saúde individual e na saúde pública”.
As alergias alimentares podem fazer parte da sua vida, desde que seja devidamente acompanhado. No fundo, e no que respeita à saúde, o princípio é sempre o mesmo: não facilitar e recorrer a especialistas.
Fontes (consultadas a 13 de fevereiro de 2020): Alergias Alimentares – Direção Geral de Saúde, Alergia Alimentar – DGS, Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, European Academy of Allergy and Clinical Immunology (EAACI), Testes múltiplos de Intolerância Alimentar.
É importante ter em conta que esta informação é apenas de caráter geral. Não constitui conselho pessoal ou recomendação para nenhuma pessoa ou empresa sobre nenhum produto ou serviço. Consulte a documentação da apólice para conhecer as condições da cobertura.